
HISTÓRIAS DE BELÉM (A gota milagrosa)
DO BLOG DE Mons.Nelson Soares .
DO BLOG DE Mons.Nelson Soares .
No meu arquivo, encontra-se o opúsculo escrito pelo segundo Arcebispo de Belém Dom Santino Maria da Silva Coutinho: “O caso da Egreja de São João”, escrito na grafia antiga, reportando-se ao latim “ecclesia” (igreja): “Todo aquele que tem alguma noção de responsabilidade não pode ficar indiferente ao que ocorreu na Igreja de São João na noite de 26 de agosto de 1918”. Durante o culto prestado a Nossa Senhora da Consolação, uma senhorita e depois os fiéis presenciaram deslizar sobre a face da imagem, uma visível lágrima.
Pessoas inúmeras correram ao Arcebispado para relatar o acontecido, desejando a imediata presença do Arcebispo. Dom Santino ordenou o fechamento da Igreja, o que foi impossível. Multidões logo se formaram. Os jornais matutinos divulgaram a notícia. Começaram as romarias. Todas as camadas sociais se sensibilizaram.
Às 10h30 da manhã seguinte do dia 27, acompanhado de sacerdotes e fiéis o Dr. Rodrigues dos Santos, médicos outros e laboratologistas, os farmacêuticos Odorico Kós e Felipe de Souza e também advogados, retiraram o vidro frontal do altar para facilitar o exame nos olhos da imagem. “A lágrima continuava visível na pálpebra inferior do olho direito, qual substância exsudada, semelhante a gota solidificada e foi na região mentoniana”. Retirada foi, e encaminhada para análise química onde, no mesmo dia 27 de agosto ás 03h00 da tarde, o diagnóstico confirmou ser uma gota de parafina.
A gota de parafina foi chamada de gota milagrosa. Na verdade, alguma substância cerosa foi usada pelo escultor. Dom Santino justificou seu proceder ao recorrer à ciência da época. A justificativa é longa e poderá, julgo eu, ser encontrada também nos arquivos do Arcebispado se é que ele ainda existe... “A religião, disse o Arcebispo, não pode aceitar como milagroso qualquer fenômeno. É verdade que ela não é somente conjunto de dogmas e de preceitos. É um corpo científico que repousa na razão. O dogma não dispensa a racionalidade. Se a razão humana não o atinge positivamente, demonstra-o ao menos negativamente. “A exposição a guisa de circular é longa, cheia de citações bíblicas e dela eu retirei alguns tópicos.
No presente relato, desejo relembrar o fato histórico acontecido na cidade, que sensibilizou a população, letrados e incultos. A coerência histórica não despreza o acontecido. Depois, desde o ano anterior, fenômenos religiosos aconteceram no mundo e cito Portugal com a aparição do Anjo da Paz. Depois a Virgem Santa de Fátima em Leiria que pediu a conversão do mundo e que rezassem o terço e consagrassem a Rússia à Mãe de Jesus.
Na época, surgiu o bolchevismo, doutrina esquerdista do partido social-democrático que depois se dividiu, pois a maioria exigia a revolução proletária, propiciando então a Lênin apoderar-se do governo, fundando-o em março de 1918 o Partido Comunista. Aqui entre nós, foi terrivelmente triste, a hecatombe da gripe espanhola. Em Belém e no mundo aconteceram mais de 20 milhões de óbitos. Tudo no ano de 1918.
A esta altura, eu pergunto ao leitor: onde se encontram os marcos do acontecido? Onde o altar, relicário da Virgem que chorou lágrimas de cera sim, mas a guisa de sinal e advertência. A Bíblia fala sempre sobre os sinais de Jesus. Deus se serve de sinais comuns e triviais da vida para alertar, admoestar e prevenir. Dizer que o acontecido foi ignorância religiosa é um desrespeito aos antepassados, às famílias, aos pais e avós que geravam os filhos para o hoje.
Eu vi o referido altar da Igreja de São João jogado à entrada do antigo Arcebispado, hoje transvertido em Museu para gerar divisas não para a Igreja. Não só Isto. Qual o sinal por onde desceu Dom Romualdo Coelho para acalmar os cabanos que desejavam incendiar a Catedral? Onde o vestígio da queda brutal do Arqui-abade beneditino D. Zeler? Onde os aposentos papais? Onde as dependências do bispo mártir D. Antônio de Macedo Costa, transformados em sanitários? Na Igreja de São João, no lugar dos altares colocadas foram, prateleiras de vidro. Foi uma década de chumbo aquela última do século passado. Na Igreja de Santo Alexandre, vidros modernos... etc etc etc. E o desaparecido lavabo da Igreja de Santo Alexandre.
Está patente a displicência ou o descaso de quem recebeu o valioso acervo histórico. Os líderes religiosos não souberam zelar e defendê-lo. Deixaram “Pintar e bordar”. Os ingênuos, acreditaram na balela de um pseudo culto idolátrico a Landi. Foi um colocar de máscara anunciando volta ás origens. Na verdade, o que aconteceu foi um festival de vaidades, sibaritismo e megalomanias.
Postado por Mons.Nelson Soares
Pessoas inúmeras correram ao Arcebispado para relatar o acontecido, desejando a imediata presença do Arcebispo. Dom Santino ordenou o fechamento da Igreja, o que foi impossível. Multidões logo se formaram. Os jornais matutinos divulgaram a notícia. Começaram as romarias. Todas as camadas sociais se sensibilizaram.
Às 10h30 da manhã seguinte do dia 27, acompanhado de sacerdotes e fiéis o Dr. Rodrigues dos Santos, médicos outros e laboratologistas, os farmacêuticos Odorico Kós e Felipe de Souza e também advogados, retiraram o vidro frontal do altar para facilitar o exame nos olhos da imagem. “A lágrima continuava visível na pálpebra inferior do olho direito, qual substância exsudada, semelhante a gota solidificada e foi na região mentoniana”. Retirada foi, e encaminhada para análise química onde, no mesmo dia 27 de agosto ás 03h00 da tarde, o diagnóstico confirmou ser uma gota de parafina.
A gota de parafina foi chamada de gota milagrosa. Na verdade, alguma substância cerosa foi usada pelo escultor. Dom Santino justificou seu proceder ao recorrer à ciência da época. A justificativa é longa e poderá, julgo eu, ser encontrada também nos arquivos do Arcebispado se é que ele ainda existe... “A religião, disse o Arcebispo, não pode aceitar como milagroso qualquer fenômeno. É verdade que ela não é somente conjunto de dogmas e de preceitos. É um corpo científico que repousa na razão. O dogma não dispensa a racionalidade. Se a razão humana não o atinge positivamente, demonstra-o ao menos negativamente. “A exposição a guisa de circular é longa, cheia de citações bíblicas e dela eu retirei alguns tópicos.
No presente relato, desejo relembrar o fato histórico acontecido na cidade, que sensibilizou a população, letrados e incultos. A coerência histórica não despreza o acontecido. Depois, desde o ano anterior, fenômenos religiosos aconteceram no mundo e cito Portugal com a aparição do Anjo da Paz. Depois a Virgem Santa de Fátima em Leiria que pediu a conversão do mundo e que rezassem o terço e consagrassem a Rússia à Mãe de Jesus.
Na época, surgiu o bolchevismo, doutrina esquerdista do partido social-democrático que depois se dividiu, pois a maioria exigia a revolução proletária, propiciando então a Lênin apoderar-se do governo, fundando-o em março de 1918 o Partido Comunista. Aqui entre nós, foi terrivelmente triste, a hecatombe da gripe espanhola. Em Belém e no mundo aconteceram mais de 20 milhões de óbitos. Tudo no ano de 1918.
A esta altura, eu pergunto ao leitor: onde se encontram os marcos do acontecido? Onde o altar, relicário da Virgem que chorou lágrimas de cera sim, mas a guisa de sinal e advertência. A Bíblia fala sempre sobre os sinais de Jesus. Deus se serve de sinais comuns e triviais da vida para alertar, admoestar e prevenir. Dizer que o acontecido foi ignorância religiosa é um desrespeito aos antepassados, às famílias, aos pais e avós que geravam os filhos para o hoje.
Eu vi o referido altar da Igreja de São João jogado à entrada do antigo Arcebispado, hoje transvertido em Museu para gerar divisas não para a Igreja. Não só Isto. Qual o sinal por onde desceu Dom Romualdo Coelho para acalmar os cabanos que desejavam incendiar a Catedral? Onde o vestígio da queda brutal do Arqui-abade beneditino D. Zeler? Onde os aposentos papais? Onde as dependências do bispo mártir D. Antônio de Macedo Costa, transformados em sanitários? Na Igreja de São João, no lugar dos altares colocadas foram, prateleiras de vidro. Foi uma década de chumbo aquela última do século passado. Na Igreja de Santo Alexandre, vidros modernos... etc etc etc. E o desaparecido lavabo da Igreja de Santo Alexandre.
Está patente a displicência ou o descaso de quem recebeu o valioso acervo histórico. Os líderes religiosos não souberam zelar e defendê-lo. Deixaram “Pintar e bordar”. Os ingênuos, acreditaram na balela de um pseudo culto idolátrico a Landi. Foi um colocar de máscara anunciando volta ás origens. Na verdade, o que aconteceu foi um festival de vaidades, sibaritismo e megalomanias.
Postado por Mons.Nelson Soares
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